terça-feira, 26 de julho de 2011

O consultório na pedra

O trabalho que realizamos este mês em Paraty, trouxe momentos marcantes. Muitos momentos nos marcam e, devido ao número de lugares onde passamos, às vezes pensamos já saber o que vai nos esperar. Assim, há horas em que uma novidade vem como uma pancada, dizendo: você ainda não viu nada...
O projeto ocorreria no Saco do Mamanguá, em Paraty-RJ, e teríamos que pegar um barco na praia de Paraty-Mirim para chegar até aquele local. Essa logística fez com que tivéssemos o maior trabalho braçal que já vi em todos estes anos de trabalho com o IBS.
A equipe era composta por 4 homens, 5 mulheres e muitos equipamentos, onde o odontoportátil é o item mais pesado, precisando de 4 pessoas para ser carregado. Nas condições normais, chegamos com todo o material no carro e caminhão e os descemos para entrar na escola. Ali, teríamos que levar tudo do carro e carreta até as areias, da areia para o barco (onde a água ficava pela cintura), do barco até um pier, do pier até subir a escada para uma grande pedra, e desta pedra, descer uma escada até pegar uma trilha que chegaria à escola no alto de um morro.
Após entrarmos na baía com o barco - já cansados com o esforço - atracamos no pier na região da escola. Haviam muitas caixas de livros que seriam doados à biblioteca, além das pesadas madeiras que virariam as estantes. O odontoportátil foi colocado sobre a grande pedra, decidiríamos o que faríamos depois.
O cenário era tão bonito - e o cansaço tão grande! - que decidimos montá-lo ali mesmo, sobre a pedra, ao ar livre, acima do mar que balançava suavemente empurrando os belos barquinhos de pescadores. O gerador permitiria o sonho.
Foi algo inesquecível, as crianças, como das outras vezes, em volta da cadeira, olhando, aprendendo, brincando. Havia momentos em que levantava os olhos e observava, por alguns segundos, o cenário, voltando com um sorriso sereno.
Nunca um consultório foi tão agradável, nunca um foi tão bonito.