sábado, 1 de maio de 2010

Sorrisos

Hoje faço 7 anos de namoro com a Ju. O tempo passa... A pouquíssimo tempo atrás, 7 anos era a metade do tempo que tinha vivido. Agora, dez anos parece que foi ontem!
Para uma surpresa, fui a uma floricultura, procurar algum arranjo de flores e uma simpática senhora me ajudava. Certo momento, entrou na pequena loja uma mulher, estilo "madame" e a cumprimentou com enorme carinho. "Oi meu amor! Que saudade de você!".
Pensei que eram grandes amigas, mas vi que era apenas uma cliente. E ainda pensei "que simpática" quando complementou:
- Olha, já mandei duas amigas aqui pra você. E é uma indicação de coração mesmo, faço com o maior gosto.
Enquanto eu olhava, indeciso em saber qual arranjo levaria, a senhora foi atender a "bondosa" mulher. Essa perguntou o preço de pequeno maço de rosa colombiana, ou algo do tipo, o que foi respondido pela senhora "15 reais".
- Quinze reais?! Nooooooooooossa, meu Deus do céu, que caro!!! Outro dia mesmo eu vim comprar aqui e eram 10 reais. Que que é isso, meu Deus. Como pode aumentar assim? Geeeeente, que coisa...
A senhora ficou completamente sem-graça e disse que sempre foi esse preço. A "madame" continuava falando em tom assombrado, como se estivesse realmente espantada com o preço que a senhora cobrava dela. Era como se estivesse sendo assaltada.
- Não é possível, como vocês podem aumentar assim? Que cooooooisa!
Até eu me senti mal pela pobre senhora que, em vão, tentava explicar que o preço sempre foi aquele. Até que desistiu:
- Mas tudo bem, eu faço 10 reais pra você, você sabe que eu sempre te ajudo quando posso.
E a mulher ainda assim continuava com sua cena de espanto e indignação.
Claro como uma cristalina água, era o teatro que a mulher fazia para conseguir um descontinho. Toda aquela "paixão" pela senhora no começo tinha apenas um objetivo: conseguir seu almejado desconto no final.
Fosse real aquele "meu amor", "indico de coração para você" e algumas outras baboseiras melosas que soltou, ela nunca agiria daquela forma, quase chamando a senhora de "bandida" por cobrar tão caro dela, uma pobre pessoa indefesa contra o vil comércio que tentava passá-la para trás.
Foi embora logo depois. Nas mãos suas parcas rosas importadas, compradas pela metade do preço. Saía com um sorriso vitorioso por ter conseguido um desconto com seu teatro e deixando para trás uma senhora, meio triste, com um sorriso sem-graça na boca.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Filhinha

Estes dias saí com um grande amigo meu, que não encontrava há algumas semanas. É um pai recente, sua filhinha está com 3 meses de idade. Comentava-me emocionado cada gesto novo, sorriso, histórias, tudo que a pequena vai fazendo a cada dia.
- É um amor inexplicável, uma saudade intensa. Me pego, às vezes, em meio à turbulência no serviço, abrindo meu celular e olhando alguma foto dela. – diz com brilho nos olhos.
Hoje, relembra com tristeza uma passagem durante a gravidez de sua esposa. E essa tristeza não é pelo fato da chance de uma síndrome acometer seu bebê. Aliás, conheci poucas pessoas fortes e com uma cabeça tão boa como esse meu amigo. O que entristece é que muitas pessoas numa dúvida como essa podem tomar decisões erradas e drásticas.
Perto do terceiro mês de gravidez, durante um exame de ultrassom, apareceu uma probabilidade, pelo tamanho da região encefálica do feto, de ela ser portadora da síndrome de down. Não era nada certo, mas um segundo exame confirmou a possibilidade.
Foi então que o médico deu ao casal a possibilidade de realizar o aborto. Graças a Deus – e ao meu casal amigo – eles descartaram qualquer chance disso acontecer.
Aprendi muito com ele, pois enquanto muitos torceriam para que fosse apenas um alarme falso, rezariam para livrar o bebê da síndrome, ele começou a estudar sobre o tema, ler artigos, casos de outros pais que tem filhos com down.
- Temos que estar preparados para o fato de que podemos ser pais de uma filha especial.
O futuro papai não se sentia no direito de torcer para que a filha não tivesse a síndrome. Que direito ele teria, se o fato fosse esse mesmo, de ter torcido para que a filha fosse diferente? Seria como renegá-la. “Deus sabe o que faz”, dizia.
Foi um alarme falso. O que entristece é saber que foi passada a possibilidade para que eles “tirassem” seu futuro tesouro. Quantos pais hoje em dia não decidiram por esse lado?
Hoje a pequenina cresce, dando a cada dia mais alegrias aos pais, que teriam por ela o mesmo amor se tivesse ou não a síndrome de down. O amor que só um pai sabe como é ter pelo filho.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Saaaaaaaaaaantooooooooos!!!

Ontem foi dia de final de campeonato. Poucas coisas são mais brasileiras do que gostar de futebol e ir à final do campeonato no estádio. Talvez algo do mesmo tamanho que falar em carnaval ou em corrupção na política.
Mas falemos de coisas boas e eu, como um bom santista, tenho motivos para isso.
Hoje me permitirei ser um ufanista pé-no-chão, se é que me permitem a antítese. O Santos de hoje é um time que me dá um orgulho imenso. Digo que, sem sombra de dúvidas, valeu a pena ser santista todo esse tempo (fim dos anos 80 e 90) de "vacas-magras". Sofri todo tipo de gozação na época em que se dá mais importância ao futebol: a infância e adolescência. Meu time era saco de pancadas de todo mundo. Haja paciência. Foi nessa época em que peguei birra do Corínthians e do São Paulo - que foi bi-campeão do mundo no começo dos 90.
Onde penso que podem me taxar de ufanista (eu mesmo não me considero, nessa caso), é o porquê penso que valeu a pena meus anos de torcida na fila de títulos.
Esse time atual do Santos, semelhante ao time de 2002 com Robinho e Diego, joga de uma maneira muito bonita, leve, alegre, com tamanha habilidade e técnica como não me lembro de ter visto nas últimas décadas.
Talvez o São paulo bi-ampeão mundial de 2002, com Raí, Muller, Silas e um bando de craques, tenha jogado num nível parecido, mas ainda assim, não me lembro de terem uma alegria contagiante na maneira de jogar e um apetite tão voraz por gols, como essa equipe atual do Peixe.
Meu orgulho futebolístico remete às inúmeras conversas que tinha com meu querido pai - o responsável pelo fato de eu ser santista - sobre o futebol das antigas. Ele foi um dos privilegiados a ver Pelé jogar (na mesma época em que outros eram privilegiados em ver os Beatles tocar. Será que eu nasci na época errada?). Sempre me comentava a maneira como o Santos dos anos 60 jogava, alegre, leve, habilidoso ao extremo e com apetite de gols... Parece algo que já escrevi?!
Pois é, esse é o motivo de meu orgulho. E por isso, este domingo, eu fui ao Pacaembú e vi meu time ganhar na primeira final do Santo André, por 3X2. E domingo que vem estarei lá. E não importa se, de repente, perder de dois ou mais gols de diferença e não for campeão. Isso é lindo do futebol: já estamos felizes apenas de ver um jogo tão bonito como foi até agora, o título, se vier, será apenas um atestado de que, é sim, possível ser campeão jogando bonito e pra frente!!